Se você me perguntasse há cinco anos se eu iria para a Arábia Saudita, eu diria: nem de graça! A maioria das pessoas, incluindo eu, tinha uma visão muito equivocada do país, baseada em informações erradas ou desatualizadas, grandes diferenças culturais e em parte por eventos que ocorriam em certas regiões.
Mas por que resolvi desbravar este país que antes me causava um pouco de repúdio?
Primeiro ponto
Durante meu último intercâmbio em Londres, fiz amizade com um saudita e nos tornamos muito próximos. Minha curiosidade me levou a fazer inúmeras perguntas sobre o país, e ele pacientemente explicou todas as razões por trás das tradições e normas culturais. Embora eu entendesse algumas coisas, meu lado feminista ainda não concordava com outras. No entanto, percebi que as mulheres enfrentam desafios em diferentes proporções em qualquer lugar do mundo.
Segundo ponto
Quando me mudei para Dubai, participei da Arabian Travel Market (ATM), uma feira mundial de turismo. Devido às restrições da COVID-19, muitos países não participaram, mas a Arábia Saudita investiu pesado para divulgar seus novos projetos turísticos. Assisti a várias palestras e fiquei encantada com o potencial do país. Saí de lá decidida a divulgar a Arábia Saudita como destino turístico e atrair o mercado brasileiro. Já tenho uma lista de lugares que pretendo visitar.
Terceiro ponto
Adoro aprender sobre culturas totalmente diferentes da minha. Conversar com os locais e vivenciar o lugar me permite tirar minhas próprias conclusões. Sou muito aberta ao novo e tento sempre entender o outro lado. A Arábia Saudita tem uma cultura milenar, e assim como desejo que respeitem minha cultura, sinto que devo respeitar a deles. Viajar realmente abre nossas mentes.
Abertura ao Turismo
A Arábia Saudita era um país fechado para o turismo até 2019. Com a ascensão do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, o país lançou a Visão 2030, um plano ambicioso para diversificar a economia e abrir o país para o mundo. Entre os projetos estão o desenvolvimento de Neom, uma cidade futurista, e a criação de resorts e atrações culturais para atrair turistas internacionais.
Mudanças nas Vestimentas e na Polícia Religiosa
As regras sobre vestimentas femininas foram flexibilizadas. Anteriormente, todas as mulheres, incluindo turistas, eram obrigadas a usar a abaya. Hoje, as mulheres sauditas ainda preferem usar a abaya por razões religiosas e culturais, mas as turistas têm mais liberdade, desde que se vistam de forma modesta. A influência da polícia religiosa, ou Mutawa, foi significativamente reduzida, permitindo maior liberdade pessoal.
Liberação das Mulheres para Dirigir
Uma mudança revolucionária foi a permissão para que as mulheres dirigissem, implementada em 2018. Antes disso, as mulheres dependiam de motoristas particulares ou de parentes homens, limitando sua independência e mobilidade.
Acesso das Mulheres a Lugares Públicos
As reformas abriram as portas para que as mulheres frequentem locais anteriormente proibidos. Hoje, as mulheres podem:
- Assistir a eventos esportivos em estádios.
- Frequentar cinemas.
- Trabalhar em diversos setores, incluindo segurança e aviação.
- Viajar sem a necessidade de permissão de um guardião masculino.
Minha Experiência Pessoal
Minha jornada na Arábia Saudita começou com a exploração de suas tradições culturais, desde a culinária local até conversas com moradores que me proporcionaram insights valiosos sobre a vida cotidiana e a hospitalidade saudita. Usei as roupas que costumo usar no meu dia a dia e não tive nenhum problema. Ninguém me olhou com julgamento ou me chamou a atenção; pelo contrário, recebi vários elogios de mulheres. Achei as pessoas super receptivas e simpáticas, e ainda quero explorar muito mais esse país.
A Arábia Saudita está se transformando rapidamente e se posicionando como um destino de turismo e negócios. Estou animada para ver o que mais este país fascinante tem a oferecer e compartilhar essas experiências com o mundo.
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